terça-feira, maio 26, 2015

O presente é sempre uma seca

Já vos aconteceu ter sempre saudades de tudo o que já passou e achar que o dia-a-dia é uma seca? Pois bem-vindos à minha sensação nostálgica. Desde de pequena que vivo agarrada aos momentos. Lembro-me de ir de férias e ficar com saudades de casa, e estar quase a voltar já com saudades das férias.

Sempre foi um sentimento chato; mas começou a ser mais difícil de gerir a partir do momento em que tudo passou a ser passível de nostalgia e saudade. Não só a empanada de atum que me sabia melhor que a vida no restaurante da Eva em Sanxenxo, ou as brincadeiras com os meus pais.

Passei a ser profundamente marcada pela sensação de estar constantemente a perder coisas pelo caminho. Em especial e mais fundamental do todas: um bocadinho de mim em cada ano, em cada mês, em cada momento que pudesse ter um título próprio.



Mas hoje, enquanto olhava para fotografias (umas mais antigas que outras) e percebia que algumas já têm mesmo alguns anos, lembrei-me do óbvio, que de tão claro normalmente me escapa nas leituras mais dramáticas da cronológica passagem do tempo. Na altura em que foram registados todos aqueles momentos (e deixem-me dizer-vos que a grande maioria são mesmo bons), havia já um ano anterior (e com ele saudade de alguma coisa) e havia aquele momento. Esse, o presente, que teima em ser nulo quando pensamos nele (porque nos lembra tudo o que deixámos de fazer, os que deixámos para trás e ainda tudo o que achámos que o presente ia ser quando ainda vivíamos no passado e quão entediante pode o futuro ser se continuar a ser como o presente) mas que é, verdadeiramente, o que deixa as tais saudades.

Parece algo estúpido chegar a esta conclusão de forma tão insípida. E não, isto não vai terminar num daqueles mantras do "viva o hoje" e coisas parecidas. Vai só terminar comigo a conseguir dominar alguma da minha nostalgia ao conseguir rir sozinha (alto e a bom som) ao recordar todos os momentos incríveis que consegui guardar e que significam, no fim do dia, que tive um monte de presentes espectaculares, mesmo que em alguns dias parecessem todos, de uma forma ou de outra, uma grande seca.

Um ponto completo para as histórias que podemos contar!


Sem comentários:

Enviar um comentário

De um a zero?