quarta-feira, abril 12, 2017

Abril e a liberdade de exprimir

No mês de Abril, e a propósito de alguns artigos de opinião que partiram da mesma temática numa revista que estive ainda agora a ler, fiquei com vontade de partilhar uma ideia sobre a liberdade de expressão e, ainda, sobre os novos paradigmas do significado que imprimimos à linguagem que utilizamos.

É verdade que a liberdade de expressão nos permite tirar muito mais partido da nossa língua, e até ajudar a inventá-la, com novos usos, costumes e significados. Contribuímos, todos os dias, com o que dizemos e escrevemos para aumentar significativamente os nossos dicionários. Introduzimos, inclusivamente, novas palavras no vocabulário português, que aportuguesámos ou que criámos, enquanto convenção social - ou de língua.

O mesmo se passa com a apropriação do espaço público de comentário através das redes sociais, onde os filtros a que antigamente estávamos habituados a recorrer se redefinem ou desaparecem, em muitos casos, por completo. Usamos as nossas páginas pessoais como se de uma publicação de uma revista ou jornal se tratassem, onde podemos esgrimir todos os argumentos que nos pareçam possíveis, sem direito ao contraditório e com um manancial de seguidores que concordam connosco (graças aos algoritmos com que, por exemplo, o Facebook funciona).

segunda-feira, fevereiro 06, 2017

Georgette

Não é um nome comum. Mas soa-me já familiar, embora não conheça mais nenhuma. Morreu no sábado, com 91 anos. Nunca a conheci; se já estivemos no mesmo espaço, não percebi quem era. No entanto, carrego-a no meu peito sempre, junto de muitos nomes que memorizei da ler e ouvir falar. Carrego-os a todos com o devido peso que merecem, e com um carinho e estima difíceis de explicar.

Talvez porque não tenha conhecido quase nenhum. À excepção de dois ou três que tive a sorte de poder abraçar, tocar e ver - porque ainda estão vivos e activos nas lides partidárias - todos os outros são memórias, fotografias a preto e branco e descrições.

A Georgette era irmã da Sofia, e é desta forma que muitos a conhecerão; enquanto que outros reconhecerão a Georgette por si só, já que foi deputada na Assembleia da República, facto que só este fim-de-semana, a propósito da sua morte, conheci. Foi também membro do Comité Central do PCP, que deixou, a par da Assembleia da República, em 1988. Ano em que eu nasci. Coincidências.

A primeira vez que ouvi falar, ou melhor, a primeira vez que li sobre a Georgette Ferreira foi, curiosamente, no livro da Zita Seabra "Foi Assim". O meu avô tinha-o comprado e num fim-de-semana de visita suscitou-me curiosidade. Sei que ele ficou contente por eu lho pedir emprestado, acho até que no seu íntimo achou que lê-lo me curaria desta percepção errada que tenho sobre o mundo e a vida, que é ser comunista.