Cruzei-me há umas horas com uma publicação no facebook sobre este hashtag no twitter. Dezanove tweets acerca de como é viver com depressão. O que figura na imagem da partilha chamou-me logo a atenção, que, traduzido, diz: "Quando deixo cair uma meia e começo a chorar. Acontece".
Sorri. Pensei nas inúmeras vezes em que simples tarefas como vestir-me, pentear-me, ou arrumar alguma coisa podem fazer-me chorar. São demasiadas, e nunca me habituo. Há dois anos decidi enfrentar o medo do diagnóstico e voltei a procurar a psiquiatria. Em 2008 já tinha tomado medicação para uma ligeira depressão, que em poucos meses deixei. Fui no máximo a duas consultas e nunca mais me aborreci com isso.
quinta-feira, abril 21, 2016
quarta-feira, abril 13, 2016
As nossas ruas
Enquanto olhava pelo vidro do autocarro a caminho do centro da cidade, pensava como era bom reconhecer as ruas por onde passamos. Sem dúvidas, de cor, canto a canto. Recordava-me, também, da sensação de ter vivido noutra cidade, noutro país, e de como as suas ruas me faziam sentir. E quão diferentes podem ser dois sentimentos que produzem, no fundo, a mesma emoção.
Às vezes, ao atravessar uma passadeira quase sem fim em Londres, sentia o peito encher-se de algo inexplicável. Eu, bracarense nascida e criada, dezoito anos, atravessava com os meus pés ruas que dantes via apenas em imagens, em livros, revistas ou na televisão. Estava lá, fazia parte daquela gigante britânica, tinha uma rotina, ia ao supermercado e tinha a chave que abria uma casa.
A urgência de conhecer o mais possível e de me orientar no meio de uma confusão brutal era um assombro. Ao mesmo tempo, a sensação de sermos tão pequenos no mundo fazia-me sentir que tudo era mesmo possível na vida: um dia na Avenida Central, no dia seguinte em Trafalgar Square. Ser pequena e insignificante naquela cidade não me fazia sentir desanimada; pelo contrário, fazia-me sentir parte de um mapa infinito, com todas as possibilidades em aberto.
Às vezes, ao atravessar uma passadeira quase sem fim em Londres, sentia o peito encher-se de algo inexplicável. Eu, bracarense nascida e criada, dezoito anos, atravessava com os meus pés ruas que dantes via apenas em imagens, em livros, revistas ou na televisão. Estava lá, fazia parte daquela gigante britânica, tinha uma rotina, ia ao supermercado e tinha a chave que abria uma casa.
A urgência de conhecer o mais possível e de me orientar no meio de uma confusão brutal era um assombro. Ao mesmo tempo, a sensação de sermos tão pequenos no mundo fazia-me sentir que tudo era mesmo possível na vida: um dia na Avenida Central, no dia seguinte em Trafalgar Square. Ser pequena e insignificante naquela cidade não me fazia sentir desanimada; pelo contrário, fazia-me sentir parte de um mapa infinito, com todas as possibilidades em aberto.
domingo, abril 10, 2016
Espaços vazios
Passam dias e dias e quanto menos perspectivas se avizinham mais difícil é ter esperança na esperança. Explico. Isto de termos objectivos e sabermos lutar por eles, e todas essas tretas que nos impingem na escola e na vida, não resultam grande coisa quando chega a altura de as aplicar.
De novo desempregada, o sentimento que mais me assola é o vazio de todos os espaços, de todas as coisas, em mim e fora de mim. A falta de respostas às inúmeras candidaturas espontâneas ou respostas a anúncios. O desrespeito pelas capacidades que cada um tem para oferecer e a procura incansável (nossa) pelo emprego certo para as nossas medidas e (deles) pelo candidato robôt perfeito para atingir os objectivos estrategicamente delineados e que são avaliados - hoje mais que nunca, e cada vez mais - de forma quantitativa.
De novo desempregada, o sentimento que mais me assola é o vazio de todos os espaços, de todas as coisas, em mim e fora de mim. A falta de respostas às inúmeras candidaturas espontâneas ou respostas a anúncios. O desrespeito pelas capacidades que cada um tem para oferecer e a procura incansável (nossa) pelo emprego certo para as nossas medidas e (deles) pelo candidato robôt perfeito para atingir os objectivos estrategicamente delineados e que são avaliados - hoje mais que nunca, e cada vez mais - de forma quantitativa.
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