quarta-feira, agosto 05, 2015

Três meses depois

Escrevo com um atraso significativo relativamente à periodicidade com que o devia fazer. Podia dizer-vos que este não é o único sítio onde escrevo - e que podiam descansar os que acham que a disciplina de escrever está ao nível de todas as outras - mas estaria a mentir; portanto assumo: escrevo muitas coisas noutros formatos (excluindo uma lista de compras, vai daí não ser nada prática nos supermercados) mas não escrevo escrevo. Significa então que fiquei - mesmo - este tempo todo sem escrever. À excepção de um pequeno texto que partilhei no facebook por altura do meu aniversário - mas isso já foi o mês passado. Quem sabe depois acabo por o partilhar aqui.

Escrever escrever é, de facto, uma disciplina. Aprendi já há muitos anos que a vida adulta requer uma dose extremamente alta de disciplina em tudo o que se faz. Mas como sempre detestei andar por balizas fixas sem poder respirar, hoje tenho que me forçar muito (muito) para conseguir impor alguma nos meus dias. Devia ter ouvido mais o meu pai quando me dizia "primeiro os deveres, depois as outras coisas", Mas eu sempre comecei pelas outras coisas...e sempre deixei os deveres para o limite do "agora tem mesmo que ser".



Tenho conseguido treinar esta disciplina muitas vezes. Aprendi também, embora mais recentemente, que conseguimos treinar muitas coisas em nós. Mas nem sempre resulta. Esta, a de vos escrever, por exemplo, não tenho conseguido cumprir. E embora não queira arranjar desculpas, o meu computador esteve avariado e agora que deixei de esclarecer via telefone os períodos de fidelização dos clientes de uma operadora telefónica e escrevo todos os dias textos para notas de imprensa e afins, acabo por pensar "porra, que hoje já escrevi muito". Mentira. Não escrevi de escrever escrever grande coisa!

Por falar em treinos, descobri que consegui treinar duas coisas em mim: paciência e a curiosidade. Hoje já consigo aguentar bem em filas de supermercado sem começar a fervilhar por dentro de inquietude, e consigo não ter vontade de perguntar "onde vais?" quando alguém me diz "já venho" ou "quem era?" quando alguém atende o telefone. (Calma, só faço isso a pessoas amigas, nunca andei pela rua a perguntar às pessoas sobre o que estavam a falar).

A conclusão é que deixei de o fazer. E sinto-me melhor com isso. Quem quiser partilhar o que sente, o que diz, o que faz, está à vontade (de novo...pessoas amigas!), caso contrário, já não sinto que tenho um bicho cheio de fome por informação que, de qualquer forma, não acrescenta nada de realmente importante a coisa nenhuma em mim. Sim, porque a minha curiosidade é mórbida; não me fico por saber as coisas que preciso de saber por algum motivo, por impulso gosto de saber tudo sobre tudo só porque...sim.

Ao contrário desta conquista, há outras que ainda não consegui resolver. Dei por mim nestes últimos dias a ter sentimentos muito ruins face a situações que poderiam ser muito simples de assimilar. Mas não podemos conseguir todas as metas ao mesmo tempo, certo? Parece-me que já estou a parecer um daqueles artigos-tipo-livro-de-auto-ajuda por isso vou parar. É que não queria mesmo!

De Um a Zero hoje isto está a meio. Um para as conquistas; Zero para os recuos.


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