sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Ternos afagos

Zeca Afonso - Quanto é doce

A minha mãe nasceu hoje há alguns anos antes do que eu. Não interessa bem quantos, já que só há quase vinte e oito a conheci. E mais uns meses, só nossos, em que cresci e ocupei todo o espaço que ela tinha para me dar. E acabei por ocupar tanto que, para mim, ela é assim, toda ela, minha mãe.


terça-feira, fevereiro 02, 2016

Nuvem portátil

Hoje, ao contrário do que tem sido habitual, precisei de vir a correr sentar-me no sofá com o laptop no colo e escrever. Sei que o público deste meu sítio é muito resumido, e nada regular - tal como os meus registos. Mas hoje, nem sei bem porque motivo, precisava de escrever isto, nem que fosse num diário (que nunca na vida mantive), e este blog acaba por se assemelhar a um.

Há uns tempos que o meu quotidiano é acompanhado por uma nuvem portátil, muito escura e muito feia, muito pesada e muito detestável. Daquelas que preferíamos que não funcionasse fora de casa, para a podermos guardar num canto qualquer para que ninguém se cruzasse com ela; ou até deitá-la fora. Desde há não sei quanto tempo (porque não sei mesmo dizer) que vivo com uma depressão.

Reparem que não disse que vivo com mimo, ou com preguiça, ou com stress, ou com tristeza...Vivo com uma doença mental que, embora se assemelhe a tudo o que descrevi, se diferencia pelo facto de ser patológica e exigir tratamento, como qualquer outra. É com agrado que acompanho várias tentativas de explicar esta doença, para que a sociedade a possa encarar como ela é, e não com os trajes de mito que costumam acompanhar o seu rótulo.